Falha clínica ou política? O que o ministério da saúde britânico diz sobre a falta de prescrições de cannabis medicinal em 2021

cannabis medicinal in UK

Não é novidade que o governo do Reino Unido caminha sob uma certa pressão para melhores políticas a respeito da cannabis medicinal, mas ainda assim há uma certa atmosfera despretensiosa sobre esse assunto. Afinal, três anos após a lei se tornar favorável à prescrição de cannabis medicinal pelas mãos do secretário de saúde Sajid Javid, o NHS aprovou a prescrição de medicamentos para apenas 3 crianças com epilepsia.

No início de Novembro, parlamentares realizaram um debate sobre o assunto (Medical Cannabis Under Prescription for Children with Epilepsy) assim como muitos deles também assinaram uma petição, a End Our Pain que pressiona o governo a agir.

Na mesma semana também aconteceu o debate “Use of Medical Cannabis for the Alleviation of Health Conditions”. Em ambos os debates foi falado sobre as facilidades de acesso aos remédios à base de cannabis, uma vez que eles já são liberados pelo governo para atender os pacientes.

Maria Caulfield, deputada conservadora de Lewes e Ministra da Segurança do Paciente e Atenção Primária no Departamento de Saúde e Assistência Social, justificou a posição que caberia ao governo dizendo que “se trata de uma questão política e sim uma questão clínica" reforçando que a decisão de prescrever ou não cabe agora aos médicos.

Caulfield disse também que aprecia e reconhece o impacto positivo que a cannabis medicinal e por esse motivo o governo alterou as leis, com o intuito de permitir que esses remédios não licenciados de cannabis medicinal sejam adotados pelas prescrições médicas.

A ministra também reflete sobre os motivos da falta de médicos adeptos à causa, sugerindo ser a falta de estudos científicos conclusivos o grande impeditivo. “Ninguém está dizendo que não são seguros, simplesmente não há evidências suficientes para se obter uma licença”. Dessa forma, a maioria dos médicos não se sente à vontade para se responsabilizar por prescrições não licenciadas.

“Podemos debater isso para sempre nesta Câmara, mas são os médicos que precisam ser convencidos e a maneira de fazer isso é obter esse produto licenciado, e a maneira de fazer isso é obtendo pesquisas de boa qualidade; a pesquisa que o MHRA pode observar e sentir-se confiante no licenciamento e no uso destes medicamentos.

A visão do governo é que há financiamento para essas pesquisas. Meu compromisso com os membros é trabalhar com os colegas para ver se podemos acelerar esse trabalho.”

Antes de 2021 chegar ao fim, novos debates sobre a cannabis medicinal devem acontecer, incluindo uma segunda leitura do projeto de lei The Medical Cannabis (Access) de Jeff Smith

Infelizmente, é comum essa falta de concordância entre governos e sua comunidade médica, algumas vezes sendo o governo a parte relutante e em outras, os médicos. Em ambos os casos é necessário muito posicionamento daqueles que se colocam à disposição da causa, especialmente falando dos representantes políticos e pessoas públicas, que com sua influência podem trazer mais luz ao assunto, que mesmo sendo um assunto muito difundido hoje em dia, ainda provoca sérios debates divergentes.

Mesmo que a passos pequenos, estamos vendo países antes tão conservadores se mostrando abertos à uma análise mais delicada sobre a cannabis e suas propriedades medicinais, já sendo um consenso bem comum entre os cientistas os benefícios presentes nela e os potenciais usos para a planta que ainda não foram confirmados apenas por falta de estudos mais aprofundados.

Essa questão que o Reino unido enfrenta mostra sinais de amadurecimento em relação a esse assunto, mas ainda assim, é válido lembrar que ainda é preciso pressionar para obter respostas dos nossos representantes para que a discussão gere de fato resultados positivos para a causa.

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